Antonio Hamilton Martins Mourão (PRTB), general da reserva do Exército e presidente do Clube Militar, será o candidato à vice-presidência na chapa de Jair Messias Bolsonaro (PSL).
O anúncio foi feito na tarde deste domingo (05) durante a convenção do PSL, realizada em um clube no bairro do Jaçanã em São Paulo.
Uma falha nos microfones interrompeu o discurso de Bolsonaro, o que levou ele e o deputado Major Olímpio, presidente do diretório estadual do partido, a deixarem a convenção.
Mas o PRTB confirmou a coligação, que deve ser oficializada na convenção do partido nesta tarde; o presidente da agremiação é Levy Fidelix, que também era pré-candidato ao Planalto.
Opções
Mourão já havia aparecido na lista de possíveis vices, assim como o senador Magno Malta, que preferiu disputar a reeleição, o general da reserva Augusto Heleno, e o astronauta Marcos Pontes.
Mas na sexta-feira (03), durante entrevista para a Globo News, Bolsonaro havia dito que a escolha para vice estava entre outros dois nomes.
Eles seriam a advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e Luiz Philippe de Orleans e Bragança, membro da família imperial brasileira.
De acordo com o jornal O Globo, o “príncipe” estava sendo aclamado pela plateia da convenção deste domingo como escolhido; depois do anúncio, Bolsonaro teria dito que ele assumiria o Ministério das Relações Exteriores caso a chapa fosse eleita.
Perfil
Antonio Mourão nasceu em Porto Alegre, tem 64 anos e entrou para o Exército em 1972, tendo ficado na ativa até fevereiro de 2018.
Militares da ativa não podem participar de atividades político-partidárias, mas restrição não existe para quem está na reserva.
Nos últimos anos, com o agravamento da crise política, Mourão fez uma série de declarações controversas que levaram a transferências dentro de instituição.
Em outubro de 2015, perdeu o Comando Militar do Sul por ter feito críticas à classe política e ao governo e se tornou secretário de economia e finanças do Exército.
Em 15 de setembro de 2017, Mourão falou por três vezes na possibilidade de intervenção militar caso a crise política não fosse resolvida pelas próprias instituições.
A afirmação aconteceu durante palestra na Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília, após o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciar pela segunda vez o presidente Michel Temer por participação em organização criminosa e obstrução de justiça.
“Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso”, disse Mourão em palestra gravada.
Ele completou que “os Poderes terão que buscar uma solução, se não conseguirem, chegará a hora em que teremos que impor uma solução’ e essa imposição não será fácil, ela trará problemas”.
Procurado pelo Estadão, que reportou o incidente, Mourão alegou que não estava “insuflando nada” ou “pregando intervenção militar” e que a interpretação das suas palavras “é livre”.
Não houve reação imediata da instituição mas no final daquele ano, após novos comentários da mesma natureza, Mourão foi retirado do seu posto pelo comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas.
Foi designado como adido na Secretaria-Geral do Exército, onde ficou até fevereiro deste ano. Em sua cerimônia de despedida do Exército, Mourão chamou o coronel Brilhante Ustra de “herói”.
Falecido em 2015, Ustra foi o primeiro militar reconhecido oficialmente pela Justiça brasileira como torturador.
Com informações do Estadão Conteúdo