“Em Minas Gerais, fomos parados em todas as cidades que passamos. Na Bahia, isso não aconteceu”, disse uma pessoa que fez a viagem e não quis se identificar. Ao chegar na cidade de destino, no último dia 6, a agente de saúde do povoado informou a situação à secretaria de saúde de Ribeira do Pombal, que, no mesmo dia, foi até a residência dos visitantes e fez o cadastro.
Um dia depois, uma pessoa da família começou a manifestar dores musculares e, na segunda-feira, uma amostra foi colhida para a realização do teste do tipo RT-PCR, aquele realizado em Salvador pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Com a confirmação, todos os outros membros da família foram testados e somente nessa terça-feira (16) saíram os resultados positivos, segundo a secretaria de saúde da cidade. Essa versão, no entanto, é contestada pela família.
“Somente no nosso quarto dia na cidade que a pessoa manifestou sintomas e eles vieram colher o material para o exame”, disseram. O quadro de saúde desse familiar piorou e ele precisou ser internado no Hospital Geral Santa Tereza, no próprio município. Só ontem houve a alta domiciliar da paciente. As outras oito pessoas seguem isoladas e são assintomáticas.
Embora tenham chegado no início de junho, em plena pandemia, o grupo já possui previsão de retorno para São Paulo.“Até o final do mês estamos indo embora. Nós viemos de férias para descansar, como todos os anos costumamos fazer. Temos casa aqui”, explicaram.
A secretária de saúde da cidade, Lakcelma Costa, confirmou que a prefeitura não pergunta o motivo da chegada das pessoas. “Na ficha que fazemos, a gente pega o nome, lugar de origem, de destino, fazemos uma triagem, perguntamos se tem sintomas, mas não perguntamos o motivo de ter chegado”, afirmou.
Ela garantiu que a prefeitura tem monitorado essa família e todos os outros casos de pessoas que chegam de São Paulo na cidade, e que devem ficar em isolamento. No entanto, a testagem só é realizada naqueles que manifestam os sintomas do coronavírus. A família garantiu que está isolada em casa e que sempre cumpriu todos os regulamentos impostos pelo município. Para se alimentar, eles disseram contar com a ajuda de alguns familiares do próprio povoado que vão até o portão e deixam as compras na calçada.
No entanto, o sentimento geral do grupo é de preconceito. “Eles inventam denúncias e dizem que recebemos pessoas dentro de casa. No domingo, fizemos um churrasco para almoçarmos e disseram que tinha 30 pessoas aqui dentro, sendo que não é verdade”, disse a familiar, que classificou as férias vividas como uma “turbulenta jornada”.
Fonte: Correios 24 Horas