Veja o resultado da apuração: em todo o estado; por cidade e por zona eleitoral.
Votos brancos (4,41%) e nulos (9,48%) somaram 940.951. Houve ainda 1.576.087 abstenções (18,87%). Somados brancos, nulos e abstenções, chega-se a 2.517.038 votos. Os dois candidatos juntos receberam 5.833.918 votos.
Veja quem é o Governador do Rio Grande do Sul:
A vida mais reservada que a política agora impõe é o ônus por uma conquista que ele vem perseguindo desde a infância. Aos 7 anos, lembra o pai, José Luis Marasco Cavalheiro Leite, Dudu via programa eleitoral como se fosse desenho animado. Foi presidente do grêmio da escola e, na campanha para o cargo, ensaiava o talento que depois levou para as telas da TV gaúcha este ano, nos 12 minutos de programa eleitoral: com um amigo, Nede Santana Jr., seu vice na eleição do Grêmio, estrelava o programa de entrevistas “Nedu na minha casa”. Eduardo, que fazia teatro e danças tradicionais gaúchas, ficou popular entre os alunos ao propor um modelo de uniforme mais moderno, igual para meninos e meninas.
— Ele era um grande organizador de festas de garagem na campanha para o grêmio. Nós éramos os DJs — lembra Nede, hoje assessor do gabinete de Eduardo.
Dudu chegou a estudar saxofone, dos 14 aos 18 anos, mas, apaixonado por samba, se desenrola bem no acordeom e no banjo, nas apresentações com a banda da família.
— É uma banda para consumo interno — diz o prefeito, que está solteiro “no momento”. Teatro, TV, festas, nada preparava Eduardo para a vida de celebridade pós-eleitoral.
— Eu disse que iria mudar inteiramente a vida dele, que ele teria que abdicar dessa fase da juventude, em que se pode cometer excessos. A história da foto é uma demonstração disso. Uma coisa que um jovem faria normalmente, ele não pode mais — sentencia o pai.
— Esse desgaste me deixou apreensiva. Não gosto de exposição — completa a mãe, a cientista política Rosa Eliana de Figueiredo.
Mesmo sem a foto do prefeito eleito descamisado, em uma semana a fan page “50 tons de Eduardo Leite” recebeu 1.300 curtidas. É fruto de uma brincadeira: dez mulheres na faixa dos 30 viram uma foto dele com terno e gravata cinza e começaram um lobby pró-Dudu como protagonista do filme “50 tons de cinza”, inspirado no livro.
— Estamos providenciando um presente para ele, que tem sido simpático com nosso assédio — tieta Graziela Silva, de 31 anos, corretora de seguros de São Bernardo do Campo. A vice Paula Mascarenhas prefere capitalizar a popularidade de outra forma:
— Mal terminou a campanha, e ele virou um sucesso nacional. Então eu disse: vamos fazer do limão uma limonada. Estão dizendo que ele é bonito. E é verdade. Pelo menos os olhares estão voltados para cá. De repente a gente bota Pelotas no cenário nacional.
Lidar com o estigma da cidade, ele já tira de letra. Alvo de estudo acadêmico, a propalada fama de cidade gay começou no final do século XIX, quando os charqueadores locais, riquíssimos, enviavam os filhos para estudar em Paris. Os então rústicos gaúchos voltavam refinados, com novo jeito de vestir e se comportar socialmente. Eram taxados de efeminados. Criava-se ali a lenda urbana. Pesquisa do IBGE, de junho do ano passado, mostra Pelotas, conhecida como Princesa do Sul, em 252º lugar no ranking de cidades do país mais escolhidas por casais gays para viver. Eduardo é categórico: vai usar a fama para atrair turistas.
— Combater a fama de Pelotas seria homofobia. Isso não é ofensa. Pode ser aproveitado, com projetos turísticos. É um público que faz um turismo rentável — diz.
Criado em uma família de servidores públicos, Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite, de 33 anos, nasceu em 10 de março de 1985 em Pelotas, cidade do Sul no Rio Grande do Sul, e é formado em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel).
Foi vereador em 2008, chegando a ocupar a presidência da Câmara em 2011. Também foi secretário municipal de Cidadania no governo Bernardo de Souza e chefe de gabinete do ex-prefeito Adolfo Antônio Fetter Júnior. Em 2012, aos 27 anos, foi eleito prefeito de Pelotas, cargo que ocupou entre 2013 e 2016. Em novembro de 2017, assumiu a presidência estadual do PSDB gaúcho.
Ao longo da campanha, Eduardo Leite prometeu a criação de um ambiente mais favorável a novos empreendimentos para melhorar a situação financeira do estado. O candidato enfrentou duras críticas de adversários. Ex-prefeito de Pelotas, o tucano foi questionado sobre denúncias de que exames preventivos de câncer de colo de útero foram feitos por amostragem por uma empresa contratada pela prefeitura. Mesmo assim, acabou o primeiro turno como o candidato mais votado, ficando com 2.143.603 votos (35,90%).
No segundo turno, embora hesitante inicialmente, declarou apoio ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), escolhido pela maioria dos gaúchos no primeiro turno. Ainda assim, não foi apoiado pelo PSL. O DEM e o candidato a governador do estado no primeiro turno Jairo Jorge (PDT) também preferiram apoiar Sartori. Já o PT decidiu não apoiar nenhum dos dois.
Nos embates com o adversário emedebista, Leite criticou a falta de iniciativa do atual governador e foi acusado por Sartori de desconhecer a real situação das contas públicas do estado.
As principais propostas
Enxugar a máquina ao tamanho certo, reduzir despesas e fazer parcerias com a iniciativa privada.
Colocar o salários dos servidores em dia no primeiro ano de governo.
Reduzir a burocracia e investir em infraestrutura.
Investir em educação com ajuda privada.
Regularizar pagamento aos hospitais e garantir o cumprimento do calendário dos pagamentos.
Investir em redes de pequenos presídios, para menos de 400 detentos, com apoio da iniciativa privada.
Integrar as forças policiais, comunicação, tecnologia, gestão, planejamento e valorização do profissional da segurança pública.
Trabalhar para reduzir o ICMS em médio prazo, para reduzir depois de reequilibrar as contas do estado.
Resultado do segundo turno no RS
Eduardo Leite (PSDB) – 3.128.317 votos (53,62%).
José Ivo Sartori (MDB) – 2.705.601 votos (46,38%).
Fonte: Portal CM7