Os bombeiros encerraram na noite desta terça-feira (7) as buscas por desaparecidos nos escombros do
prédio comercial que desabou parcialmente na segunda (6) no Centro de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O anúncio aconteceu pouco após os bombeiros encontrarem e retirarem o corpo da enfermeira Patrícia Alves, de 25 anos, nos escombros. A vítima, única desaparecida que ainda era confirmada, foi encontrada por volta das 19h30, retirada às 20h20 e reconhecida por um parente.
Os pais da jovem acompanhavam o trabalho dos bombeiros e tinham esperanças de que a filha fosse encontrada viva. Ao receber a notícia a morte, o casal teve de ser amparado.
Na noite de segunda, o corpo de uma menina de 3 anos foi localizado pela corporação em meio aos destroços. Júlia Moraes estava com o pai na recepção de um consultório médico esperando pela mãe, que passava por uma consulta, quando o desabamento aconteceu. O pai da garota ficou ferido e está internado. A mãe dela também sobreviveu. A vítima foi enterrada na tarde desta terça.
Causas:
Uma reforma na laje do último andar do prédio por conta de infiltração de água pode ter causado o desabamento parcial do edifício Senador. O reparo ocorreu no 13º andar, a cerca de dois metros de distância onde ocorreu a queda do bloco da laje, afirmou o delegado Victor Vasconcellos Lutti, do 1º Distrito Policial (DP) de São Bernardo do Campo. "Foi feito um reparo [na laje] e esse reparo pareceu não ser conveniente, no sentido de não ter sido feito da forma como deveria ter sido. O profissional não usou a técnica correta", disse o delegado na tarde desta terça.
Segundo Lutti, a obra ocorreu em um espaço onde ficavam guardados materiais do prédio. Policiais subiram até o último andar do edifício e checaram que tanto a obra quanto o vazamento existem no local.
Bombeiros em frente ao prédio na noite desta terça.
A hipótese de problema com a obra surgiu após o depoimento de uma das três testemunhas ouvidas pelo delegado na noite de segunda. A pessoa, que não foi identificada pelo delegado, afirmou ter ouvido comentários no edifício sobre o reparo e possíveis problemas há cerca de um ano."Não podemos afirmar hoje que foi isto ou aquilo, porque depende de um laudo técnico", disse Lutti. Ele afirmou que vai pedir a planta inicial do prédio para comparar eventuais mudanças no edifício.
Uma nova varredura por indícios das causas do acidente vai ser feita depois que o prédio for desocupado. O delegado ressaltou ter solicitado perícia e registrado boletim de ocorrência do caso ainda na segunda-feira.
Também é possível que tenha havido fadiga de material, de acordo com o delegado. As hipóteses de queda da caixa d'água e de explosão estão descartadas, já que não há indícios de nenhuma das duas coisas. "Vamos trabalhar ainda no sentido de colher mais detalhes depois que tudo for tudo desocupado."
Ainda há risco de queda de pedaços de laje e entulho dentro do edifício, segundo o tenente Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros. Ele afirmou que blocos de concreto estão pendurados por pedaços de aço que dão sustentação aos andares do edifício. Cerca de 350 toneladas de entulho foram retiradas dos escombros por 50 caminhões.
Vista interna dos pavimentos que desabaram
R7.