Os professores grevistas da rede estadual, que acampam no saguão da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), em Salvador,
precisam desocupar o local até as 14h de sexta-feira (20), determina a
Justiça. Vistoria foi realizada na tarde desta quinta-feira (19) pelo
juiz Ruy Britto, da 6ª Vara da Fazenda Pública, do Tribunal de Justiça
da Bahia (TJ-BA), decidiu pela saída dos docentes. O comando de greve
informa que se reúne por volta das 19h para avaliar a questão. A
mobilização dos professores completou 100 dias.
A inspeção judicial é realizada após pedido de reintegração de posse
realizado pelo presidente da Casa Legislativa, Marcelo Nilo. Na decisão,
o juiz afirma que, se os professores não deixarem as instalações do
local até o horário determinado de forma "pacífica e ordeira", está
autorizado o uso de força policial. Ressalva, no entanto, que isso
deverá ser feito com "moderação e cautela, em respeito à integridade
física dos manifestantes".
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) afirmou que a contraproposta enviada
pela categoria para avaliação do órgão "não difere da proposição
anteriormente apresentada pela entidade sindical" e que, por isso, não
tem efeito para "aproximação entre as partes", no caso, o Governo da
Bahia. "Lamentavelmente, persistem os motivos que deram ensejo ao
posicionamento adotado pelo Ministério Público e pelo Tribunal de
Justiça em considerar concluída a mediação", afirma a nota.
100 dias
A greve dos professores estaduais da Bahia completa 100 dias
nesta quinta-feira (19) e, apesar do tempo, não há perspectiva de
resolução do impasse entre grevistas e governo, situação que deixa parte
dos um milhão e cem estudantes fora das salas de aulas. O "prejuízo"
temido pelos jovens e adultos que dependem da rede de ensino é,
principalmente, a perda do ano letivo. Dos 200 dias determinados pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para a formação do ano
acadêmico, a Bahia não realizou atividades em 60 deles.
“Só fico dentro de casa, às vezes saio para jogar bola, ou fico no
computador, ou às vezes saio para ajudar meu pai no serviço. Ele
trabalha com pintura, solda. Na verdade, eu acredito que seja mais um
ano perdido", afirma Edvan Silva, 15 anos, que estuda no Colégio
Frederico Costa, no bairro Vila Laura, em Salvador. Aluno da 6ª série,
ele mora com os pais e uma irmã de 12 anos no bairro de Narandiba.
A Secretaria da Educação garante que a greve não compromete o ano
letivo. Para isso, trabalha com a alternativa de repor aulas aos sábados
e, talvez, em janeiro e fevereiro, o que tem sido planejado em algumas
unidades que já retomaram o calendário. "Vamos cumprir o ano. Vai
prejudicar, de certa forma, o ano e as férias, mas não trabalhamos com a
possibilidade de perda", afirma o secretário da Educação da Bahia,
Osvaldo Barreto.
Fonte: G1