Mais
de 50 palhaços na eleição de 7 de outubro tentam repetir o fenômeno
Tiririca, que obteve 1,35 milhão de votos em 2010 e foi o deputado
federal mais votado do País. Essas dezenas de artistas do riso vão
disputar uma vaga de vereador Brasil afora, como mostra levantamento
feito pelo Estado nos registros de candidaturas no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
A
iniciativa de recorrer aos palhaços candidatos parte dos próprios
partidos - um bom puxador de votos pode render uma ou mais cadeiras
legislativas a uma legenda e, dessa forma, garantir vaga para políticos
que não andam tão populares entre os eleitores. E uma das siglas mais
incentivadoras do humor na política é justamente o PR de Tiririca,
primeiro palhaço a obter uma vaga no Congresso.
Edvalgo
Hermenegildo é o nome de batismo do Palhaço Bubu, que não brinca ao
falar de sua candidatura a vereador de Mogi das Cruzes, cidade na Grande
São Paulo sob influência política do deputado Valdemar Costa Neto
(PR-SP), réu do mensalão. Bubu é conhecido na cidade, onde costuma
atrair clientes às lojas de rua com suas palhaçadas e é mascote do time
local de basquete. "Vou criar circos profissionalizantes que atuem nos
bairros da cidade para tirar as crianças das ruas", propõe o candidato
palhaço, com seriedade.
Em
Jundiaí, o PR aposta em Maurilio Cayres, ou melhor, Rick Kelly, que há
31 anos atua em um grupo de teatro. Além das andanças - e palhaçadas -
pelas ruas da cidade, ele aposta no programa de TV ao lado de Tiririca
para chegar à Câmara. A exemplo do deputado, Rick Kelly vai fazer
campanha caracterizado de palhaço - "um abestado qualquer, um burro que
está defendendo o povo" - e diz não saber como é o trabalho de um
vereador. Mas já promete "ouvir o povo e fazer o que eles quiserem".
"Daí, vou conversar com o prefeito e ver o que a gente pode fazer",
afirma Rick Kelly.
Variedade.
As cidades paulistas somam a maior quantidade de candidatos que vivem
de fazer os outros rir. São 19, todos espalhados pelo interior do
Estado, em cidades como Campinas, Araçatuba e São José dos Campos.
Mas
a onda Tiririca vai além de São Paulo e chegou a Estados como Bahia,
Amazonas, Rio Grande do Norte e Alagoas, entre outros. Capitais como
Rio, Porto Alegre, Aracaju, Rio Branco, Manaus, Fortaleza e Campo Grande
também terão palhaçadas no horário eleitoral gratuito.
Para
o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) João Paulo
Peixoto, o fato de uma figura como Tiririca ter chegado ao Congresso
estimula candidaturas do mesmo perfil. Embora reconheça que
manifestações desse tipo fazem parte da democracia, Peixoto avalia o
fenômeno como a forma mais visível da descrença na política. "Você tem
um palhaço eleito deputado e toda a repercussão em torno disso depõe
contra a política."
MSN ENTRETERIMENTO