Todos, todas ou todes? Os pronomes neutros invadiram os campus universitários do Brasil, as empresas e muitos outros grupos coletivos, mas o que é discussão aqui, também é lá, na Europa, invadindo o campo religioso. Já faz algum tempo que a Igreja Anglicana, estabelecida na Inglaterra do século XVI, através do rei Henrique VIII, demonstra flexibilidade para se adaptar à era contemporânea.
Há 50 anos, por exemplo, o templo já permite o acesso de mulheres ao sacerdócio e, mais recentemente, autorizou que se tornassem bispas, entre outras reformas em prol do grupo LGBTQIAPN+. Só que uma ala ainda mais progressista estuda a possibilidade de usar pronomes neutros para se referir a Deus.
O arcebispo da Cantuária, Justin Welby, que ocupa um dos cargos mais elevados na igreja e o mais graduado da hierarquia, instigou o debate com questionamentos a respeito da forma mais adequada de se referir ao Senhor Altíssimo.
"Deus não é Pai da mesma forma que um ser humano é pai. Deus não é definível, afirmou o religioso."
Por não ser uma figura papal, alguns membros do clero já adotaram a linguagem neutra antes de qualquer autorização informal.
Mas a discussão sobre o uso do pronome neutro não foi bem recebida universalmente. Um grupo de padres tradicionais de Londres fundaram uma estrutura independente dentro da Igreja Anglicana e planejam reter sua contribuição anual de 235 mil libras para a diocese de Oxford, em protesto.
De acordo com a revista Veja, essa medida tem o apoio do conservador Conselho Evangélico, pois acreditam que esse incentivo representa um “afastamento da Bíblia”. Às vésperas de sua coroação, o rei Charles III, ainda não se manifestou publicamente sobre as inovações da igreja que lidera.
Fonte: A Tarde