Em depoimento, no entanto, o padre apresentou versão contrária na delegacia. Segundo Jerfson, o adolescente tentou extorqui-lo.
O religioso passou por audiência de custódia e vai responder ao processo em liberdade. O g1 tenta contato com a defesa do suspeito.
A Polícia Militar informou que o sacerdote está “afastado de suas funções de capelão” e aguarda decisão de processo que tramita no âmbito da igreja católica”. A reportagem aguarda posicionamento da Arquidiocese de Brasília.
‘Começou a passar as mãos’
Segundo depoimento do rapaz à Polícia Civil, Jerfson disse “que compraria todos os bombons disponíveis”, entretanto, “não tinha dinheiro em mãos”. Em seguida, ele pediu para que a vítima o acompanhasse até em casa, em Águas Claras, “para poder entregar o dinheiro”.
Segundo o boletim de ocorrência, Jerfson deixou que o adolescente dirigisse o veículo, mesmo sem habilitação. O jovem contou ainda que eles foram a casa do suspeito e, no local, o padre “começou a passar as mãos” no corpo dele, “dizendo que o valor seria em troca dos bombons e de um ‘brinde’, se referindo a sexo”, relatou.
Ainda de acordo com o adolescente, “após algum tempo”, ele conseguiu convencer Jerfson a ir embora. Os dois voltaram para o veículo, e o suspeito teria se oferecido para levá-lo até a estação do metrô de Águas Claras.
O adolescente, novamente, assumiu a direção e, em determinado momento, disse que o pneu do carro havia furado. Quando Jerfson desceu, o jovem acelerou e fugiu e depois parou o veículo atrás de ajuda de pedestres.
O menor contou que o capelão mandou mensagem no celular com ameaças, “dizendo que ele teria problemas caso não devolvesse seu veículo ou contasse a situação para a polícia”. A vítima deixou o veículo no estacionamento de um supermercado e o homem foi abordado por policiais civis ao chegar para resgatar o carro.
Versão do padre
Jerfson prestou depoimento na 21ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga Sul e disse que ia de carro ao mercado, em Taguatinga Norte, quando o adolescente apareceu no semáforo e ofereceu bombons. O padre afirmou que, após comprar um doce, decidiu “ajudar o rapaz” e ofereceu uma carona até Águas Claras, onde de chocolate seria melhor, devido ao maior fluxo de pessoas.
O padre disse aos policiais que o jovem pediu para dirigir durante o caminho e garantiu ser maior de idade. “Surpreso pela habilidade do rapaz, pegou em sua perna, dizendo que ele dirigia muito bem, ação essa que talvez dado uma interpretação errada para o rapaz”, diz parte do depoimento do sacerdote.
O religioso afirmou ainda que, quando chegaram em Águas Claras, o adolescente perguntou onde ele morava. Após orientar o jovem a estacionar o carro na garagem, ele “pediu para conhecer o apartamento”.
No local, Jerfson disse que pediu a chave Pix do adolescente, para poder pagar o valor referente a uma caixa de bombom que ele havia prometido. No entanto, segundo o padre, o rapaz teria “insistido” para ele comprar as duas caixas, e que “caso ele comprasse, teria algo a mais”, e que entendeu que o jovem estava “oferecendo favores sexuais a ele”.
O PM ainda disse que “o jovem começou a encontrar desculpas para ficar na casa”, como brincar um uma calopsita e pedir para colocar crédito no celular. Após “convencer” o jovem a sair do apartamento, ele ofereceu uma carona até o metrô, momento em que ele novamente assumiu a direção do veículo.
Durante o percurso, adolescente disse que o pneu tinha furado e, ao descer para verificar, o menor foi embora com o veículo. O PM então passou a mandar mensagem para que o adolescente devolvesse o carro, “acreditando que o rapaz havia levado o veículo por não ter conseguido o valor ofertado”, disse em depoimento.
Afastado
A Polícia Militar informou que abriu procedimento para apurar o caso e que o militar está na corporação há quatro anos, mas “afastado de suas funções de capelão” há 10 meses. “Ele aguarda decisão de processo que tramita no âmbito da Igreja Católica”, informou a polícia.
A PM também informou que, ao ser acionada, “prontamente deslocou à delegacia para as providências cabíveis”.
“CABE SALIENTAR QUE NOSSA BICENTENÁRIA CORPORAÇÃO ESTÁ NAS RUAS 24 HORAS POR DIA, SETE DIAS POR SEMANA, EM TODAS AS REGIÕES ADMINISTRATIVAS, PARA BEM SERVIR E PROTEGER A SOCIEDADE DA CAPITAL E NÃO COADUNA COM FATOS QUE SEJAM CONTRÁRIOS À LEGISLAÇÃO E AOS REGULAMENTOS EM VIGOR”, INFORMOU.
Fonte: G1