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terça-feira, 22 de março de 2022

Professor de Feira de Santana com sequelas de covid tem pedido de licença negado e pode ter salário cortado

Um professor de Feira de Santana, que ficou internado por mais de quatro meses devido a complicações decorrentes da covid-19, teve um pedido de licença negado pela Junta Médica do Estado. Mesmo com sequelas que o impossibilitam de voltar às aulas, ele precisa retornar ao trabalho sob pena de ter o salário cortado.

O diagnóstico veio pouco antes de João Fábio Peixinho tomar a vacina contra a doença, em maio do ano passado. A covid-19 poderia não ser uma ameaça para o professor de 41 anos, sem comorbidades, mas, no entanto, foi a responsável por seus piores dias.

Ao todo, foram quatro meses e 22 dias internado. Ele lida, desde setembro, com as sequelas da doença.

Fábio, como é chamado, já reaprendeu a mastigar, engolir e sentar. Atualmente faz sessões de fisioterapia cinco vezes na semana, e tem um novo objetivo: voltar a andar.

“Voltar a andar e criar condições para o pulmão se expandir mais, para ter resistência física. Por isso que eu dou esse passo e descanso. Então eu também faço a fisioterapia respiratória”, contou o professor.
Além da luta diária, Fábio está tendo que enfrentar a pressão de voltar ao trabalho, mesmo nessas condições. Ele leciona as matérias de geografia e sociologia no Colégio da Polícia Militar Diva Portela há 11 anos.

A princípio, conseguiu a licença médica, porém já teve o pedido de renovação negado pela Junta Médica do Estado três vezes, mesmo apresentando um relatório médico que confirma o seu estado de saúde.

“Não sei dizer o porquê que se está negando. O meu receio e o meu medo é sair da folha”, disse Fábio.

O professor decidiu compartilhar o que tem passado nas redes sociais, e ganhou apoio de alunos e de colegas de trabalho.

“Você ver um colega de trabalho passando por essa situação, ver que está tentando sair desse quadro que ele se encontra, gravíssimo, e tendo seus direitos negados por conta de uma Junta Médica que não quer nem ao menos recebê-lo”, afirmou a professora Soemia Argibay.

“Ter que pensar que não vai receber [o salário], viver só com ajuda dos próprios colegas, para comprar fralda, para comprar outras coisas. Então a gente está se mobilizando, a direção, o MTE [Ministério do Trabalho e Emprego] juntamente, para que sensibilize a Junta Médica, para que receba Fábio e que ele possa ser visto”, pediu Junara Machado.

O Estado solicitou que Fábio retornasse ao trabalho no dia 11 de março. Segundo o professor, este seria o maior desejo dele, que sente saudades da sala de aula, mas só conseguiria fazê-lo se estivesse 100% bem.

“Eu amo o que faço, amo estar no ambiente escolar, a escola é minha vida, é o meu trabalho. A gente passa muito mais tempo no trabalho do que em casa, então eu quero estar próximo da minha função como professor, mas eu quero estar 100% para eles”, desabafou Fábio.

A Junta Médica do Estado informou que concedeu, no ano passado, duas licenças de 120 dias para o professor, de agosto a dezembro.
O órgão disse, ainda, que foram recepcionados, em fevereiro deste ano, dois pedidos para renovação dos dois pedidos do benefício, para os quais são exigidos exames complementares atuais, necessários para comprovação do estado clínico do servidor.

Segundo a Junta Médica, como os exames não foram apresentados, o pedido foi negado. Contudo, mesmo assim, o órgão já sinalizou à Secretaria de Educação (SEC) a disponibilidade para o atendimento prioritário ao professor nos próximos dias, em data e horário a serem combinados.
Fonte: G1-BA

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