A “atração” consta no flyer virtual para divulgar a inauguração do templo da entidade evangélica, localizada em Ceilândia, próxima à Feira do Produtor. “Transformação do ex-travesti Ruby da Saúde”, diz o material publicitário ao indicar a possível troca de gênero. O evento está marcado para a próxima quinta-feira (20/8), às 20h.
Ruby é militante antiga da causa LGBTQI+ no Distrito Federal e chegou a ser madrinha de edições da tradicional Parada do Orgulho, realizada para conscientizar e dar visibilidade ao movimento. Contudo, recentemente, foi protagonista de outro episódio: ela foi acusada pela Polícia Civil (PCDF) e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) de vender prioridades de atendimento cirúrgico no Hospital Regional de Taguatinga.
De acordo com os investigadores, a transexual teria se valido da condição de supervisora da emergência e da vulnerabilidade dos pacientes para prometer “furar” a fila de cirurgias. No entanto, as investigações levam a crer que nem sempre ela cumpria a promessa. O inquérito aponta que ela cobrava até R$ 5 mil dos pacientes para antecipar cirurgias que poderiam demorar meses. Áudios mostram a profissional negociando materiais de procedimento cirúrgico por R$ 350.
Ao site Guia Gay Brasília, parceiro do Metrópoles, Ruby Lopes – que já foi candidata a deputada distrital e uma das primeiras transexuais a ocupar um cargo na Câmara Legislativa (CLDF) – afirmou estar decepcionada com a comunidade LGBTQ.
“Antes desse episódio, eu era querida por todos. Fui madrinha de Parada em Ceilândia, tinha amigos. Mas quando vieram essas acusações, ninguém veio perguntar a minha versão, veio me dar apoio. Sumiram todos”, disse. “Eu fui procurar apoio. E lá [na igreja] fui recebida de braços abertos. Fui acolhida. O fato é que sem Deus não somos nada”, continuou
Prostituição
Antes de se assumir transexual, Ruby chegou a frequentar a Igreja Universal do Reino de Deus e quase virou pastor (na época). “Virei travesti, me prostituí. Fiquei nessa vida por pouco mais de um ano e depois virei técnica em enfermagem, depois fiz curso superior”. Ela é concursada da Secretaria de Saúde.
Embora reconheça a legitimidade do panfleto e tenha confirmado a conversão à religião evangélica, Ruby ainda faz mistério se o anúncio pregado pelos pastores confirmará se ela voltará a ser chamada de Edson Lopes, incluindo uma possível cirurgia de mastectomia.
“Hoje, essa sou eu. Não sei o que virá dia 20, mas não deixarei de ser eu. Sou o que sou, sendo Edson ou Ruby. Deus é quem vai decidir”, finalizou.
O Metrópoles tenta contato com os pastores responsáveis pela igreja. A reportagem será atualizada quando houver alguma manifestação.
Fonte: Metrópoles