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quarta-feira, 5 de junho de 2019

Oficial de justiça que infartou e morreu no Fórum era “saudável”, diz a mãe

A mãe da oficial de Justiça que morreu após passar mal no Fórum de Sorocaba (SP) disse que a filha não tinha nenhum problema de saúde. Natália Dias Cesco, de 34 anos, estava grávida de oito meses e teve uma parada cardiorrespiratória no corredor do trabalho. Ela chegou a ser socorrida e encaminhada a um hospital da cidade, mas não resistiu. O bebê também não sobreviveu.

Em entrevista ao G1, Josefina Dias Cesco contou que a filha teve uma gestação tranquila, sem nenhuma complicação no pré-natal. Além disso, garantiu que ela era uma pessoa saudável e, por isso, a família ainda tenta entender o que aconteceu. “A gente conversou com o médico que a acompanhou no pré-natal e mais um outro médico de São Paulo, e todos nos deram a mesma explicação: que o que aconteceu com a Natália é caso raro, que ela teve uma hemorragia interna”, conta a mãe.

Apesar da explicação dada pelos médicos, Josefina aguarda o resultado de alguns exames que foram realizados no corpo da filha para identificar o que teria causado a parada cardiorrespiratória e, consequentemente, a hemorragia interna.

Entenda o caso

Segundo testemunhas, Natália teve uma parada cardiorrespiratória no corredor do Fórum, na tarde de quinta-feira (30). O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado por volta das 16h02 e encaminhou uma ambulância de suporte avançado, com um médico e enfermeiro, para atender à ocorrência. O veículo chegou ao local às 16h30, segundo o Samu, e a equipe fez todos os procedimentos de primeiro socorro, que não foram suficientes. Mesmo assim, Natália foi levada pelo Samu para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden, onde foi feita uma cesariana de emergência, mas a criança também não resistiu. O corpo de Natália foi velado e enterrado no cemitério Parque da Paz, em Presidente Prudente (SP), cidade onde a família dela mora.
Instalação de ambulatório
Após a morte da oficial de Justiça durante o horário de trabalho, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Sorocaba resolveu retomar o debate sobre a necessidade de um ambulatório para atendimento médico emergencial no Fórum do Judiciário Estadual, localizado no Alto da Boa Vista. “Segundo divulgado, o socorro foi acionado, mas não houve tempo, infelizmente, de evitar que a servidora viesse a óbito. O fato registrado reclama apuração e retoma o debate sobre a necessidade de o espaço dispor de ambulatório para atendimento médico emergencial. Por lá, conforme estatísticas, circulam em média duas mil pessoas diariamente”.

Ainda segundo a OAB, o assunto já está pautado dentro da agenda de prioridades da diretoria, que deverá requerer aos órgãos competentes a tomada de providências para dotar o equipamento público desse serviço. De acordo com Maurício Carlos Queiroz, presidente da Associação Família Forense da Comarca de Sorocaba (Affocos), a principal reivindicação é a construção de um espaço físico para atendimento de casos de urgência e emergência de servidores e munícipes que frequentam o Fórum. Segundo ele, são cerca de 700 servidores que passam todos os dias pelo Fórum. Somando os quase dois mil munícipes, o movimento diário fica entre 2,5 mil e três mil pessoas. O diretor do Fórum de Sorocaba, Carlos Maluf, disse à TV TEM que apoia o pedido e que irá apresentar formalmente um requerimento à Presidência do Tribunal de Justiça. A reportagem do G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para questionar a falta de um ambulatório no Fórum do Judiciário Estadual de Sorocaba, mas não obteve resposta.

Minuto de silêncio
Funcionários do Fórum se reuniram em frente ao local na última sexta-feira (31) e fizeram um minuto de silêncio em homenagem à colega de trabalho Natália. Além disso, o grupo fez um protesto pacífico para reclamar da falta de assistência médica no prédio, que registra um grande volume de circulação de pessoas diariamente. Uma funcionária, que pediu para ter a identidade preservada, conta que essa não foi a primeira vez que uma pessoa passou mal no prédio. Segundo ela, todos os dias alguém pede por atendimento médico, mas essa foi a primeira morte registrada no local.

“Se houvesse uma enfermaria com um médico no prédio, essa colega e seu bebê poderiam ter tido uma chance. O tribunal gasta em sistema de segurança ou tecnologia, mas a preocupação com a saúde dos funcionários e do público que frequenta os fóruns é zero”, comenta. A escrevente Cristiane Carvalho dos Santos, que presenciou o momento em que a oficial de Justiça passou mal no corredor do 2º andar do prédio, reforça a necessidade de um ambulatório médico no Fórum de Sorocaba. “Tentaram de tudo para reanimá-la, mas ninguém ali tinha o preparo adequado para a situação. Fizeram boca a boca, tudo que podiam para ajudar enquanto o resgate não chegava. Talvez, se ela tivesse tido os primeiros socorros adequados rapidamente, o final teria sido outro”, lamenta.