Das cinco vítimas, quatro eram da mesma família: o empresário Paulo Gaspar Lemos, 78 anos, e os três filhos dele, Leandro Gaspar Lemos, 44, Paulo Gaspar Lemos Junior, 51, que tinha deficiência intelectual, e a artesã Katya Gaspar Lemos, de 50. Também foi assassinado Ricardo Lora, 39 anos, sócio de Leandro. Os corpos estavam em cômodos separados do apart-hotel e com cordas amarradas nas mãos, pés e pescoço, de acordo com o Instituto Geral de Pericias (IGP). Um foi localizado na lavanderia do subsolo, dois no segundo andar e os outros no terceiro andar. Havia gasolina espalhada pelos locais e não houve registro de disparo de arma de fogo. “Das 16h [de quinta] à meia-noite permaneceram no terror psicológico e ao final morreram por esganadura [asfixiados]”, disse o delegado Verdi Furlanetto, Diretor de Polícia da Grande Florianópolis. Ainda segundo ele, antes dos assassinatos, os criminosos não machucaram as vítimas de forma ostensiva, apesar de todos terem sido amarradas.
De acordo com a polícia, os três bandidos estavam encapuzados e usando luvas. Eles teriam chegado a procurar um cofre, mas não encontraram. Foram roubados dois veículos da família. Um deles foi recuperado e outro está sendo procurado, disse o delegado. Conforme a Polícia Civil, as dívidas da família são a hipótese principal como motivação do crime, apesar de outras não estarem descartadas. “Nós temos algumas linhas, em decorrência do histórico da vítima. É um empresário [Paulo Gaspar Lemos], que teve problemas financeiros e tem alguns negócios que foram feitos. A partir daí é uma linha de investigação”, disse Furlanetto. “No bojo tem todas as questões comerciais. A locadora, o hotel, ações trabalhistas. São diversas questões que envolvem. Mas com a investigação prosseguindo, como está ocorrendo, na verdade vamos achar o caminho mais objetivo e concreto”, acrescentou o delegado.
Sigla de facção
Uma sigla da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foi deixada na parede, segundo a polícia. Entretanto, o delegado Anselmo Cruz, diretor da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), afirmou que a marca pode ter sido registrada para atrapalhar os trabalhos. “Apesar das informações iniciais que tiveram a inscrição de uma facção nas paredes, a primeira situação é que não há nenhuma movimentação [dos grupos criminosos] no estado neste tipo de crime”, disse. “Não indica ser algo de facção. Essa assinatura indica que tinha intuito de desvirtuar a possível autoria, querer atribuir esse possível conflito”, completou. Ainda de acordo com a Polícia Civil, será investigado, no entanto, se existe alguma ligação com conflito de facções fora de Santa Catarina. Mas até a tarde desta sexta, não havia informações a respeito. “Está descartado ser conflito de facções aqui do estado”, afirmou Cruz.
Dívidas e negócios
“Um dos filhos tinha uma atividade empresarial forte, assim como o pai. Agora envolvimento com condutas ilícitas ainda serão identificadas”, explicou Cruz. Segundo ele, são empresas de natureza distintas e não se sabe qual fonte de renda era a principal. Além de dona do apart-hotel, a família Lemos chegou a ter uma casa noturna em Florianópolis, uma produtora de eventos e tem uma corretora de seguros no nome deles. Também tinha uma revendedora de carros em São Paulo. A Polícia Militar informou que a família e o funcionário do hotel não tinham passagens criminais ligadas ao tráfico de drogas no estado. Em São Paulo, Paulo Gaspar Lemos responde ao menos quatro inquéritos policiais por estelionato. Ele também chegou a responder por calúnia em Santa Catarina, e Leandro Gaspart Lemos por apropriação indébita também no estado, segundo a PM. Paulo Lemos Junior, Katya Lemos e Ricardo Lora não tinham passagens policiais no estado.
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