Segundo os pais da garota, ela também recebia ofensas dos colegas de sala por alisar o cabelo, que era naturalmente crespo. Em entrevista, a mãe de Karina, Angela Saifer, contou que a filha havia mandado uma mensagem no dia da morte avisando que precisava fazer um trabalho da escola fora de casa. Preocupada, ela chegou a perguntar para onde a estudante iria, mas Karina não respondeu mais. Quando chegou em casa, Angela encontrou o celular da garota em cima da cama e a chamou.
“Eu vi a porta do fundo aberta. Deixei minha mochila em cima da mesa. Na hora que eu cheguei no fundo, me deparei com aquela cena. Jesus Cristo! Eu não desejo isso para mãe nenhuma. A gente não sabe o que passa na vida da gente. Se eu soubesse…”, ela disse ao site.
Segundo a mãe, Karina não dava sinais evidentes sobre o que estava acontecendo. Era uma menina meiga, que planejava estudar e se tornar uma delegada, com o apoio do pai, Aparecido Oliveira, que era Bacharel em Direito e agente de segurança da escola em que ela estudava. Mas a verdade é que, em um ano, a vida dela tinha se transformado em um inferno.
Aos 14 anos, Karina se envolveu com um rapaz de 17 anos. Os dois tiveram relações sexuais e a história se espalhou pela cidade e pelo colégio. O boato era de que o garoto havia divulgado fotos íntimas da menina. O pai de Karina afirmou que só soube de tudo depois que o rapaz já não morava mais na cidade. “Faz dois meses que ela veio conversar comigo, dizendo que estava se sentindo uma pessoa vulgar porque tinha acontecido isso com ela”, contou Aparecido. Filha de mãe branca e pai negro, Karina também sofria racismo na escola por causa de seu cabelo. “Depois que ela morreu, nós pegamos mensagens de alunos no WhatsApp dela, de ódio, de alunos que zoavam o cabelo dela por ser meio afro, porque ela usava chapinha”, disse Aparecido.
Ele também contou que chegou a pensar em mudar de cidade para tentar diminuir a tristeza da filha. Infelizmente não houve tempo para isso. Não bastasse tanta dor, após a morte, uma das irmãs da menina recebeu uma foto do corpo dela. Revoltados, os familiares prestaram queixa do vazamento de imagens, já que somente a polícia e a perícia tiveram acesso ao local da tragédia. O delegado Luiz Quirino Antunes Gago negou que os policiais tenham sido responsáveis. Na escola, os colegas de sala de Karina receberão a visita de uma psicóloga para falar sobre luto e bullying.