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domingo, 19 de março de 2017

Gás de cozinha terá reajuste de 9,8%; aumento pode ser ainda maior para consumidor

O consumidor vai sentir no bolso, “no curtíssimo prazo”, o aumento do preço do botijão de gás que passa a vigorar nas refinarias da Petrobras a partir de terça-feira, segundo o presidente do sindicato das distribuidoras de gás (Sindigás), Sérgio Bandeira de Mello.

A estatal anunciou nesta sexta-feira (17) reajuste de preço de 9,8%. Mas, como o botijão passa por distribuidores e revendedores até chegar às residências, é possível que os dois elos da cadeia aproveitem para rever suas margens de lucro e que o aumento chegue maior ao consumidor.

Pelas contas da Petrobras, um repasse integral do reajuste nas refinarias deve pesar R$ 1,76 no preço final, o equivalente à alta de 3,1% por botijão. Especialistas calculam, no entanto, que os comerciantes vão aproveitar a má notícia para ampliar os ganhos e encarecer o produto de 5% a 10%, dependendo do espaço permitido pela concorrência. O Sindigás não quis fazer projeções com o argumento de que “o mercado é livre”.

Essa é a primeira vez que a Petrobras reajusta o botijão desde setembro de 2015. Em geral, a petroleira pratica valores menores do que os do mercado internacional. Mesmo após esse aumento, a diferença ainda está na casa dos 20%, de acordo com o Sindigás. De janeiro de 2003 a agosto de 2015, o valor médio passou de R$ 29,35 para R$ 46,02, alta de 56,8%, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Até dezembro, já tinha sido reajustado em 89,4%.

“É inevitável que isso tivesse acontecido. No longo prazo, há perdas com a inflação, que pesa sobre a logística e mão de obra, e ainda têm os tributos”, afirmou o presidente do Sindigás. Finanças A Petrobras entregou recurso à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), reguladora do mercado financeiro, para justificar a utilização da contabilidade de hedge em suas demonstrações financeiras de 2013 a 2015. O resultado de 2016 será divulgado na terça-feira, e repetirá a mesma sistemática.

A empresa passou a utilizar a contabilidade de hedge depois que as projeções de exportação explodiram, em razão do pré-sal, e a Petrobras passou a considerar que deveria recorrer ao mecanismo para proteger as vendas externas de oscilações cambiais. O corpo técnico da comissão, no entanto, questiona se essa tem sido realmente a finalidade da Petrobras que, dessa forma, teria supostamente inflado os resultados dos últimos anos.

O prazo para a apresentação do recurso pela petroleira venceu na quinta (16), quando foi entregue o documento, com pedido de confidencialidade à CVM. O corpo técnico da autarquia terá dez dias úteis para decidir se modifica ou mantém sua decisão. Caso mantenha, o processo será encaminhado ao colegiado da Comissão - formado pelo presidente, Leonardo Pereira, e diretores -, ao qual caberá a palavra final.