“Foi questão de homofobia, sim. Porque se não fosse eles teriam batido em outros héteros que estavam no local também mijando. Foi questão de preconceito sim. Quando um deles viu minhas unhas ai que deu outra cacetada”, conta Ronivon que relatou ao Me Salte ter recebido seis golpes de cassetete enquanto seu namorado foi atingido por três vezes.
O caso aconteceu por volta das 0h30. “Chamaram a gente de desgraça e perguntaram o que a gente estava fazendo ali e já foram batendo. Eles não fizeram nenhuma revista e já foram logo batendo. Na hora do ataque, ninguém interviu, segundo relata Ronivon. Mesmo com medo, eles resolveram denunciar o caso. “O que somos nos se ficarmos calados diante dessas coisas. A gente não é bandido, é trabalhador. Somos cidadãos como qualquer um. Simplesmente porque a gente gosta do mesmo sexo isso não justifica apanhar de ninguém”, explicou o cabeleireiro ao Me Salte.
Sentindo muitas dores após a agressão, o casal foi para o hospital da cidade onde foi medicado. O casal registrou o caso na delegacia da Polícia Civil da cidade e também foi ouvido na sede do 90ª Companhia Independente da Polícia Militar, ambas em Riachão do Jacuípe.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar se pronunciou através de nota indicando que abriu procedimento administrativo para apurar a denúncia do casal. “De acordo com informações do comando da 90ª CIPM, na tarde de terça-feira (28), dois rapazes procuraram a unidade para realizar uma denúncia. Segundo eles, foram agredidos por policiais militares, que trabalhavam em uma viatura no sábado (25), nas proximidades da Praça Landulfo Alves, em Riachão do Jacuípe. Entretanto o número da viatura que os denunciantes anotaram não corresponde com a identificação das viaturas da unidade. E os policiais que trabalhavam na viatura na noite do ocorrido não foram reconhecidos pelos denunciantes. Ainda assim a PM abriu um procedimento administrativo para apurar os fatos”, disse a corporação.
O delegado Sérgio Vasconcelos, titular da delegacia da cidade, que está responsável pelo caso, afirmou que ainda não identificou os militares acusados pelo casal. “O caso foi registrado aqui na delegacia e estamos apurando. Os dois serão ouvidos ainda essa semana aqui na delegacia. Mandei ofício para a PM pedindo que nos fosse passados os nomes de todos os policiais que estavam de trabalho na noite do fato. Até o momento, os PMs não foram identificados”, explica o delegado que diz que esse “é o primeiro caso de homofobia que é registrado na delegacia em um ano”.
Com relação ao número insuficiente de banheiros na festa, a reportagem procurou a prefeitura da cidade, mas não houve sucesso no contato telefônico.
Fonte: Portal Cleriston Silva