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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

É possível que o Aedes Aegipty não seja o único vetor do Zika Virus. Acredita-se que o ser humano também possa transmitir a doença

Quando se fala de infecções virais, obrigatoriamente fala-se de vetores. Calma, não é aquele da geometria. Nesse caso, o vetor seria, em termos simples, otransporte utilizado pelo vírus para chegar até outros seres vivos e transformar casos isolados de uma doença em verdadeiras epidemias. Dentre elas, a mais recente e mais comentada é, sem dúvida, a febre Zika. A sua rápida expansão pelo Nordeste brasileiro, somada a relação existente com os surtos de microcefalia em fetos, mais as possíveis ligações com outras síndromes, têm sido motivo de dor de cabeça para a comunidade médica e para a população em geral.

E como se não bastasse todos esses fatores, mais um elemento entra em cena para nos preocupar ainda mais. Até o momento, o que se sabia com certeza é que o vetor escolhido pelo Zika vírus, o grande responsável por todo esse movimento, é aquele já conhecido por todos nós: as fêmeas do mosquitoAedes aegipty, famoso por já ter duas doenças em seu arsenal. Mas, contrariando a praxe das infecções virais, que, via de regra, concentram-se em UMA forma possível de transmissão, as pesquisas estão mostrando que uma outra espécie também pode atuar como vetor do Zika, a saber, a Homo sapiens. Ou seja, nós.

Até “ontem”, a transmissão do Zika vírus de pessoa para pessoa não passava de uma possibilidade ainda não confirmada. Como o vírus se multiplica rapidamente e se espalha pela corrente sanguínea, considerava-se a hipótese de que ele pudesse ser transmitido da mãe infectada para o bebê, no momento do parto, e também por transfusões de sangue (menos provável, mas não impossível). Embora ainda não houvesse nenhum caso documentado desse tipo de contágio, uma série de medidas preventivas foram tomadas, como é o caso de Camila Martins, moradora de Itabuna, Bahia. Além de ter o seu parto antecipado, ela precisou manter-se afastada de seu bebê durante algum período, já que ela estava infectada e receava-se uma possível transmissão à criança.

Hoje, sabe-se que essa forma de contágio não somente é possível, como ainda temos outras novas. As informações recentes mostram que o vírus já foi isolado também no leite materno e no sêmen, o que significa que a transmissão também pode ocorrer na amamentação e através de relações sexuais durante o período da infecção. No caso da transmissão por aleitamento, a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e membro do Comitê Técnico Assessor de Imunizações do Ministério da Saúde, salienta: “A criança não vai ter a microcefalia, mas pode ter uma doença viral, com febre, dor no corpo, mais ou menos como uma outra doença, muito menos maligna e sem relação com a microcefalia.”

Enquanto novas medidas profiláticas vão sendo estudadas, o que podemos e devemos fazer é o “mais do mesmo”: combater o mosquito, evitando o estabelecimento de criadouros que se formam a partir de focos de água parada e limpa. Repelentes, telas nas janelas e se possível, mosquiteiros nas camas, também são opções de prevenção, já que esses mosquitos continuam voando por aí e, até o momento, não existe ainda nenhuma vacina contra a infecção.

Fonte: Diário de Biologia

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