Familiares do professor Mauro José Pereira Pires, 43 anos
enfrentaram uma via-crucis de quase três dias no Departamento de Polícia
Técnica de Feira de Santana para ter o corpo dele liberado para sepultamento. O
professor, que teve 80% do corpo queimado após uma briga envolvendo usuários de
drogas, no dia 28 de maio, morreu domingo no Hospital Regional de Santo Antônio
de Jesus. “Ele era homossexual e o que soubemos é que furtaram dinheiro dele, o
que deu inicio a briga”, revelou a sobrinha Taianna Sampaio.
Segundo ela, o corpo foi encaminhado para o DPT de Feira
pedido dos familiares, chegando na manhã de segunda-feira, sendo necropsiado,
mas disseram que a liberação dependia do relatório médico do hospital, que
enviou um fax do documento.
“Pediram o original, que foi providenciado, e agora alegam
que ter médico para assinar a guia de liberação”, contou.
Revoltados, eles prestaram queixa no Ministério Público.
Ontem pela manhã, A TARDE os acompanhou ao DPT, onde foram recebidos pelo
coordenador, Renato Lacerda, que não permitiu o acesso da imprensa. “Ele alegou
que estava faltando apenas a assinatura de um familiar de 1º grau, mas eu
fiquei aqui ontem até às 20 horas”, afirmou José Milton Pires, irmão do
professor.
O corpo só foi liberado no inicio da tarde, sendo sepultado
no Cemitério Piedade. “Não tivemos a chance de velar meu irmão, devido ao
estado de decomposição do corpo. Vamos entrar com uma ação por tudo isso”,
desabafou José Milton.
CONSTRANGIMENTO
Ao tentar registrar a saída do caixão do DPT, o fotografo de
A TARDE Luiz Tito foi abordado por um perito e uma funcionária. "Me acusaram de ter invadido o órgão e, quando expliquei
que transitava em local permitido, ele pôs o dedo no meu rosto e me ofendeu moralmente.
Fui constrangido na frente de várias pessoas”, relatou.
O perito deu voz de prisão ao colega, que ficou no local até
o final da tarde, quando policiais do Complexo Policial Investigador Bandeira,
situado ao lado, o liberaram. O repórter disse que vai registrar queixa contra
os dois servidores. O caso foi comunicado ao Sinjorba e as assessorias do DPT e
da SSP-BA. O coordenador do órgão não recebeu a reportagem.
As informações são do Jornal A TARDE.