' ANGICO NO AR: "Síndrome da turbina eólica": um estranho fenômeno de saúde tem afetado seres humanos />

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

"Síndrome da turbina eólica": um estranho fenômeno de saúde tem afetado seres humanos

Um estudo da Fiocruz Pernambuco, realizado em conjunto à Universidade de Pernambuco (UPE), acessou um estranho efeito de saúde dos parques eólicos sobre a população residente no entorno da sua instalação; entenda

A geração de energia eólica já corresponde a 20% de todo o montante energético necessário para abastecer o Brasil, indicam dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

Até 2023, eram 890 parques eólicos instalados em pelo menos 12 estados do país (que somavam, juntos, mais de 25 gigawatts de capacidade), informa a Abeeólica. Desses, mais de 85% estão concentrados na região nordeste, e foram responsáveis, nos últimos anos, por um aumento de até 21% no PIB regional, como nota a Agência Brasil. Mas um estudo da Fiocruz Pernambuco, realizado em conjunto à Universidade de Pernambuco (UPE), acessou um estranho efeito de saúde dos parques eólicos sobre a população pernambucana residente no entorno da sua instalação.

As eólicas, que necessitam de regiões em que o vento é constante e tem velocidade suficiente para girar as turbinas de maneira eficiente, costumam ser posicionados em zonas rurais — áreas planas, com vegetação menos frequente e menos densa, sem obstruções para barrar o "trânsito" das correntes de vento. Áreas litorâneas e offshore também são boas escolhas.

90% do estado do Pernambuco está inserido no chamado “Polígono das Secas”, região em que as estiagens são prolongadas e há uma má distribuição da precipitação, de acordo com o Atlas Eólico e Solar de Pernambuco. É justamente nessa região que o potencial é alto para a instalação de parques para a captação de energia eólica e solar.

Hoje, o estado figura em sexto lugar na lista de produção energética eólica, com pelo menos 34 parques produtivos e 781,99 megawatts de potência.

O estudo da Fiocruz identificou, entre moradores de áreas próximas à instalação das turbinas e torres eólicas, uma síndrome associada à ocorrência de dores de cabeça, ansiedade, insônia, irritabilidade e incômodo auditivo causado pelo "ruído constante" e por "infrassons emitidos pelo funcionamento das torres eólicas", nota a instituição. O mal foi denominado "síndrome da turbina".

De acordo com a Fiocruz, que entrevistou, em 2023, 105 pernambucanos residentes em áreas próximas às eólicas, pelo menos 70% das pessoas "manifestaram a vontade de deixar suas residências", e 66% utilizam medicamentos para dormir, incluindo crianças e idosos.

Além disso, mais de metade dos entrevistados (54%) dizem sofrer de perda auditiva, com 31% relatando incômodo visual — o "efeito estroboscópico", causado pelo giro constante das pás das turbinas, que projetam sombras gigantes. A estrutura completa das eólicas pode variar entre 140 e 185 metros de altura, o equivalente a um prédio de até 56 andares; já as hélices podem ter até 2,5 metros de largura e 50 metros de altura.

Sombra projetada de turbina eólica. Créditos: ©2024 Re News.Biz
41% dos entrevistados, por sua vez, disseram ter "alergias e dermatites" causadas pela poeira das hélices, que se espalha pelas residências.

Pesquisadores da UPE, com apoio de um fundo subsidiado pelo programa Inova Fiocruz, têm mobilizado ações de saúde pública nas regiões afetadas, destinadas a mitigar os efeitos da síndrome na população com o auxílio equipes multidisciplinares, que envolvem médicos e enfermeiros, fonoaudiólogos, psicólogos e nutricionistas.

"Além de testes de audiometria para avaliar perdas na acuidade auditiva decorrentes da exposição aos ruídos, os profissionais utilizaram Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) como forma de minorar o sofrimento mental nas comunidades", informa o portal da Fiocruz.
Fonte: Revista Fórum

Nenhum comentário:

Postar um comentário