Pablo Estrela e Renato Renner foram presos suspeitos de receptação e estelionato em Goiás - Foto: Polícia Civil/Divulgação
Dois homens são suspeitos de se passarem por empresários sertanejos para aplicar golpes de até R$ 80 milhões, informou a Polícia Civil, nesta segunda-feira (24). O delegado Alexandre Bruno disse que eles enganavam as vítimas com falsos empréstimos e financiamentos para compra de imóveis e carros de luxo. A dupla também é investigada por receptação de cargas de aço e ferro.
Em nota, a defesa de Pablo Estrela disse que entrou com um pedido de habeas corpus e que "refuta, por completo, todas as insinuações que lhe são imputadas e reforça que, ao contrário do que divulgado nos portais de comunicação da Polícia Civil, não estava foragido, já que nunca sequer recebeu intimação ou qualquer outro ato de comunicação formal das autoridades policiais e soube da investigação por meio da imprensa" (veja na íntegra ao final).
O G1 não conseguiu localizar a defesa dos demais suspeitos para que se posicionasse até a última atualização desta reportagem. O delegado informou que Renato confessou o crime e colabora com as investigações.
A polícia já identificou 85 vítimas dos suspeitos, entre elas, um cantor sertanejo de uma dupla goiana, que não teve o nome divulgado pela corporação. A polícia prendeu Renato Renner Marques Ferreira, de 42 anos, e Pablo Lima Estrela, de 40. Há ainda um terceiro suspeito que é considerado foragido da Justiça: Manoel Antônio Vieira de Lima.
De acordo com o delegado, os dois detidos se apresentavam às vítimas como pessoas que poderiam conseguir financiamentos e empréstimos do sistema habitacional ou junto a bancos para compra de carros de luxos.
“Eles também se passavam por empresários sertanejos, no sentido de oferecer empréstimos para alavancar a carreira de pessoas do ramo”, disse o delegado.
Conforme as investigações, as pessoas adiantavam aos suspeitos dinheiro para conseguir os empréstimos. Eles então pegavam o valor, enganavam as vítimas, muitas vezes dizendo que havia algum problema no sistema dos bancos, e desapareciam com o dinheiro.
“Eles se faziam presentes nas redes sociais, onde angariavam ‘clientes’ para poder apresentar esses financiamentos e, posteriormente, aplicar os golpes”, explicou o delegado.
Pablo Estrela foi preso em Camaçari (BA) e trazido para Goiás de avião pela Polícia Civil - Foto: Polícia Civil/Divulgação
Receptação de cargas
As investigações tiveram início há um ano, após a polícia perceber um aumento significativo em ocorrências de roubo de cargas de ferro e aço em Goiás. Durante as apurações, a corporação descobriu uma empresa em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, que estaria vendendo os produtos provenientes dos furtos.
“Nós conseguimos efetuar a prisão em flagrante do gerente [Renato] desse estabelecimento comercial e, a partir das informações prestadas por ele, nós conseguimos identificar que, não só de vendas de carga de aço roubada esse pessoal vivia”, explicou o delegado.
O investigador informou que a empresa gerava um lucro aos investigados de até R$ 5 milhões por mês, com a venda dos produtos roubados. No entanto, ao prender Renato, os policiais descobriram também o esquema de golpes do falso empréstimo.
Manoel Antônio Vieira é considerado foragido pela Justiça de Goiás - Foto: Polícia Civil/Divulgação
Após isso, a corporação começou a investigar os estelionatos e chegou ao Pablo Estrela, que foi preso na última sexta-feira (21), em Camaçari (BA). De acordo com a Polícia Civil, ele estava na cidade desfrutando de uma vida de luxo com o dinheiro de suas vítimas. Após ser detido, a polícia o trouxe de avião para Goiás.
“No início, nós achávamos que o dinheiro que existia para a aquisição desse aço vendido na empresa, seria o dinheiro vindo dessa questão dos estelionatos. No entanto, era ao contrário, eram os estelionatos que financiavam essa venda dessas cargas. A empresa servia de fachada para lavada de dinheiro”, disse o delegado.
A polícia continua com as investigações com o intuito de conseguir prender Manoel Antônio Vieira, que é considerado foragido da Justiça. De acordo com a corporação, ele usava o nome falso de Marcos de Suassuna e é apontado como o investidor do esquema criminoso, responsável por gerenciar as compras e vendas dos produtos roubados, além de ser o dono da empresa.
“Uma pessoa de um bom relacionamento empresarial e acima de qualquer suspeita. Ele está ligado aos outros dois presos e se encontra foragido”.
Os suspeitos devem responder pelos crimes de receptação de cargas, estelionato, organização criminosa e lavagem de capitais.
Nota na íntegra de Pablo Estrela
A defesa de Pablo Lima Estrela, impetrou, na data de hoje (24/01/2022), habeas corpus requerendo a liberdade do investigado perante o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
O pedido aponta a absoluta inexistência dos requisitos autorizadores para a decretação da prisão preventiva, a incompetência do Juízo da 3ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia/GO que proferiu a decisão, bem como pontua os excessos e absurdas ilegalidades que, desde a deflagração da Operação Chalybes/Fatura Final, são encontrados no tratamento conferido a Pablo.
O empresário, por meio dos seu advogados, refuta, por completo, todas as insinuações que lhe são imputadas e reforça que, ao contrário do que divulgado nos portais de comunicação da Polícia Civil/GO e Secretaria de Segurança Pública/GO, não estava foragido, já que nunca sequer recebeu intimação ou qualquer outro ato de comunicação formal das autoridades policiais e soube da investigação por meio da imprensa.
A defesa técnica do empresário, encabeçada pelo advogado Gamil Foppel, lamenta que, à revelia das previsões normativas encartadas na Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/19), estejam sendo realizadas, por sucessivas vezes, ilegais e desnecessárias exposições à imagem do investigado, as quais serão objeto de comunicação formal às instituições competentes, informando que judicializará todas as responsabilizações devidas.
Fonte: G1-Goiás