Em 25 páginas, ele descreve como os investigados ergueram uma pirâmide de milhões. “Atraíram pessoas para trabalhar para eles, com a falsa ideia de lucro fácil em supostos planos de carreira, na qual estas pessoas seriam ‘consultores’ e/ou ‘investidores’, estimulados a vender seus produtos, quase inexistentes no mercado, e empregar dinheiro nos projetos empresariais que alardeavam como ‘investimentos'”, explica. Mendroni afirma que o “dinheiro que os denunciados arrecadaram eram movimentados em contas pessoais e das empresas criadas, além de aplicados em mercados de seguros”. “Assim, dissimulavam aquela origem, disposição, movimentação e propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta e/ou indiretamente, daquela infração penal”. Uma das empresas criadas pelos acusados foi alvo de comunicações de operações financeiras do Conselho de Atividades FInanceiras com valor associado de R$20,1 milhões entre janeiro e março de 2015, sendo que, desse total, R$11 milhões são referentes a operações em espécie’.
Outra empresa teria girado R$ 52 milhões em sua conta. Somente em três anos, outra empresa movimentou R$ 35,8 milhões, dos quais R$ 22 milhões representam operações em espécie. Um dos donos das empresas de fachada e apontado como líder da UP, Clarel Lopes dos Santos chegou a resgatar R$ 16 milhões de planos de previdência e movimentar R$ 7,2 milhões em espécie. O promotor explica que a Up tem uma linha de cosméticos, com destaque para os perfumes, e os “investidores” dela atuam como revendedores da marca. Eles são obrigados a adquirir o material de demonstração e comprar mensalmente uma determinada quantidade de produtos. Segundo o promotor, “de acordo com o seu desempenho, o revendedor vai galgando posições na escala do plano de carreira que a empresa estabelece: 1- Consultor; 2- Empreendedor; 3- Star; 4- Star Plus; 5- Executivo; 6- Executivo Sênior; 7- Gran Executivo; 8- Elite; 9- Elite Emerald; 10- Elite Diamond; 11- Gran Elite; 12- Royal”.
Pirâmide
O promotor explica que, no esquema, a remuneração percebida pelos seus participantes baseada principalmente na quantidade de pessoas recrutadas à rede e na venda de produtos a essas pessoas; na existência de alto volume de estoque, com quantidade de produtos superior à possibilidade de venda; e baixo índice de venda no varejo”. O sistema demanda um recrutamento contínuo de novos integrantes, chamados de “investidores”. “No entanto, após algum tempo, conforme o tamanho da pirâmide, cedo ou tarde, decorre um esgotamento de potenciais de pretensos investidores, fazendo com que, progressivamente, se esgote a entrada de novos membros na pirâmide, gerando prejuízo financeiro aos que entraram antes, porque jamais conseguirão obter retorno pelos investimentos realizados”, explica o promotor. O advogado Luiz Carlos Torres, que defende a UP, disse que desconhece a denúncia. “A defesa ainda não tomou conhecimento da denúncia e se coloca à disposição para esclarecimentos”.
Fonte: Estadão Conteúdo
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