Homem descobre três dias depois que perdeu mulher e o filho em acidente (vídeo)
O advogado Miguel Arruda da Motta Silveira, de 46 anos, vítima de um acidente de carro no último domingo, em Recife, só descobriu nesta terça-feira que a mulher e o filho, que estavam com ele no veículo, morreram. Segundo o advogado Hebron Costa Cruz de Oliveira, sócio e amigo de Silveira, ele ficou arrasado ao receber a notícia da morte e está inconformado da família ter sido vítima do acidente.
— É uma situação terrível, ninguém estava preparado para isso. É uma família linda que foi destruída por um ato inconsequente. Ele está arrasado, sem querer acreditar no que aconteceu e não lembra de nada que aconteceu no momento do acidente. Estamos no meio de uma tragédia — disse Oliveira. Perguntado sobre a reação de Silveira ao saber que a filha tinha sobrevivido ao acidente, Oliveira preferiu não comentar.
Pai e filha permanecem internados no Hospital Santa Joana Recife. Segundo a assessoria de imprensa da unidade, Silveira permanece do Centro de Terapia Intensiva (CTI), onde foi admitido e chegou a ser sedado. Ele deu entrada com quadro de trauma tóraco-abdominal secundário e foi submetido a tratamento cirúrgico, mas agora apresenta sinais de estabilidade dos demais sistemas ogânicos.
Ainda de acordo com a assessoria de imprensa do hospital, Marcela Guimarães da Motta Silveira, de 5 anos, está em estado grave. Ela permanece internada na UTI Pediátrica da unidade, onde foi admitida com quadro de trauma cranioencefálico (TCE) grave secundário. Ela está em coma, recebendo suporte à vida, ventilação pulmonar mecânica invasiva e sedação contínua.
Entenda o acidente O universitário João Victor Ribeiro de Oliveira, de 25 anos, dirigia em alta velocidade e avançou o sinal de um cruzamento, atingindo o carro em que estava a família. Maria Emília Guimarães, de 39 anos, o filho do casal e a babá folguista Roseane de Brito Souza, 23, que estava grávida de três meses, morreram no acidente. O filho do casal, Miguel Neto, de 3 anos, chegou a ser encaminhado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo a cozinheira Vânia Dias, de 47 anos, que trabalha há mais de seis anos para a família, Maria Emília era uma “super mãe”. — Comecei a trabalhar para eles quando nem filhos tinham, já faz tempo. Aí veio a Marcelinha, coisa linda, depois o Miguelzinho. Fomos levando a vida juntos. Mas infelizmente aconteceu isso. Era um amor muito grande que a mãe tinha pelas crianças. Ela era uma super mãe, muito carinhosa, saía para trabalhar e deixava as crianças no colégio, mas ligava o tempo todo, mandava WhatsApp, oferecia atenção total. Às vezes eu falava para ela: “A senhora tem que descansar, parar um pouco”, mas até os meninos dormirem, ela ficava preocupada — afirmou Vânia, que conhecia também Roseane.
Para Vânia, não há explicação para uma tragédia como essa, que “destruiu não só uma, mas duas famílias”. Ela contou que a babá que trabalhava para Maria Emília e Miguel aos finais de semana havia descoberto a gravidez fazia pouco tempo. A cozinheira acredita que o acidente aconteceu devido a uma irresponsabilidade do motorista que consumiu bebidas alcóolicas e depois dirigiu. — Quando ele bebeu e dirigiu já foi com o intuito de matar, eu penso assim. A recuperação de Marcelinha não está nada fácil, mas tenho fé de que eles vêm para casa, para seguir em frente, criar a filha dele. A família está aqui para dar forças. Está sendo difícil, mas Deus vai dar forças, só Jesus. Agora é orar para Deus tirar o pai e a filha dali — disse a cozinheira.
O juiz Luiz Carlos Vieira, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), decidiu pela prisão preventiva do motorista. Após audiência de custódia, realizada na manhã desta segunda-feira, na Central de Flagrantes do Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no Recife, João Victor foi encaminhado para o Cotel, onde permanecerá à disposição da Justiça pernambucana. Ele responderá pelos crimes de homicídio doloso e lesão corporal gravíssima. Maria Emília era servidora do TJPE e atuava, há oito anos, na Diretoria Cível do 2° Grau da Capital, no Fórum Paula Baptista, no Recife. Em nota, o TJPE afirmou que presta solidariedade à família.
“É com imensa tristeza que recebemos essa notícia. Que Deus ilumine toda a família. Faremos nossa parte para que a Justiça seja realizada”, disse o desembargador Leopoldo Raposo, presidente do TJPE, ao fazer um voto de pesar, nesta segunda-feira, pela morte de Maria Emília. “Uma perda irreparável, lamentável, uma tragédia! Maria Emília era uma ótima servidora, nosso braço direito na Diretoria Cível, uma grande mulher, mãezona, esposa e amiga”, lamentou o diretor adjunto da Diretoria Cível do 2° Grau da Capital, Jorge Neves. A Polícia Civil de Pernambuco informou, em nota, que vai se pronunciar apenas ao final do inquérito, que deve ser enviado à Justiça na próxima quarta-feira. Vídeo abaixo: