A mãe de um suspeito de roubo preso em flagrante tentou registrar queixa contra vítimas que reagiram à tentativa de assalto. O delegado se recusou a fazer o boletim de ocorrência. O caso foi em Praia Grande, no litoral de São Paulo, na noite da quinta-feira (7).
Erick Thadeu Pariz de Oliveira, 23 anos, e Gregory Perciliano de Jesus, 20, foram presos tentando roubar a carga de um caminhão no momento da descarga. Um deles estava armado e anunciou o assalto. Outros funcionários da empresa perceberam a ação e reagiram, segundo informação do G1 Santos. Houve uma luta corporal e os dois suspeitos foram agredidos.
A Polícia Militar foi chamada depois que os funcionários conseguiram imobilizar os suspeitos. A arma que eles usavam, que era falsa, foi apreendida. Os dois foram levados à delegacia e autuados em flagrante por roubo. Familiares dos dois chegaram no meio da situação, inclusive a mãe de Gregory, que quis registrar boletim de ocorrência por lesão corporal contra as pessoas que agrediram o filho. "Eu expliquei que não registraria, pois as vítimas do roubo estavam em legítima defesa e agiram com respaldo da lei", diz o delegado.
A mãe disse ao G1 que a ação das pessoas que reagiu não é justificável. "Quando soube o que aconteceu, fui à delegacia ver meu filho. Cheguei lá e ele estava muito machucado. Ele foi espancado. Tentei registrar um boletim de ocorrência de lesão corporal. Nada justifica", diz a funcionária pública Iris Perciliano, 38. "Isso não é legítima defesa mesmo. O ferimento no rosto do meu filho parece que quebrou algo, está muito feio. E o delegado ainda postou o caso na internet. Não é ético".
A família pretende representar contra o delegado junto ao Ministério Público. "Depois que o delegado negou o boletim, as vítimas ficaram rindo da nossa cara. Eu me senti humilhada. Que violência é essa deles? Não vai a lugar nenhum", diz Vanessa de Jesus, 24, esposa de Gregory. Ela também reclama do comportamento do delegado, que teria publicado sobre o caso nas redes sociais. "A gente quer tomar uma providência, pois fomos tratados como cachorro. É uma falta de respeito. Cadê os direitos humanos?".
Os dois presos foram encaminhados para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), medicados e levados para a Cadeia Pública.