O estudo, conduzido no Parque Nacional do Catimbau (a cerca de 300 km de Recife), analisou 70 amostras de fezes da espécie Diphylla ecaudata (o morcego-vampiro-de-pernas-peludas) e conseguiu extrair o DNA de 15 delas – sendo que em três continham vestígios de sangue humano misturado com o de aves. O resultado foi publicado na revista Acta Chiropterologica, especializada em morcegos.
“Nós ficamos muito surpresos. Essa espécie não tinha uma adaptação fisiológica para se alimentar com sangue de mamíferos”, explicou o pesquisador Enrico Bernard à New Scientist. Segundo o professor, o sangue de aves é rico em gordura, enquanto o dos mamíferos é mais espesso e rico em proteína.
Mudança de hábito
De acordo com os cientistas, a alteração no cardápio estaria associada a escassez de alimentos na região, que vem sendo alterada pela presença humana e seus animais domésticos. “Isso explicaria a mistura do sangue de galinha com o de humanos em nossas amostras”, diz o estudo.
A descoberta também é acompanhada de algumas preocupações: ataques e transmissão de doenças. Não seria um episódio inédito. Em 2005, uma superpopulação de morcegos-vampiros invadiu o litoral norte do Maranhão e causou um surto de raiva, que deixou 20 mortos. Entre os sintomas: febre e dificuldade de se alimentar.
Das três espécies de morcegos-vampiros já conhecidas, apenas uma era considerada hematófaga (que se alimenta de sangue). Agora, mais uma é acrescentada à lista.
Fonte: Informe Baiano