O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) pediu nesta terça-feira (3) seu desligamento do DEM.
Acuado por suspeitas sobre seu relacionamento com o empresário Carlinhos Cachoeira, apontado como cabeça de uma suposta máfia que explorava jogos de azar em Goiás, o parlamentar se antecipou à decisão do partido, que abriria hoje um processo disciplinar para expulsá-lo.
O pedido de desfiliação foi encaminhado por meio de um ofício ao presidente nacional do DEM, o também senador José Agripino Maia (RN). Em carta encaminhada anteriormente a Demóstenes, e assinada por Agripino, o DEM afirma que as ações do senador representam um desvio do programa partidário no que diz respeito à ética.
No texto encaminhado hoje como resposta, Demóstenes diz “discordar frontalmente” da afirmação de que se desviou do programa partidário e afirma que sofreu um “pré-julgamento”.
“Diante do pré-julgamento público que o partido fez, comunico a minha desfiliação do Democratas”, afirma o parlamentar.
Demóstenes é alvo de um inquérito no Supremo e de uma representação no Conselho de Ética do Senado devido a seus vínculos com Cachoeira, preso pela Polícia Federal no fim de fevereiro em uma operação que desmontou um esquema de exploração de caça-níqueis.
Grampos feitos pela PF com autorização da Justiça indicaram que o senador e o contraventor trocavam favores. Demóstenes prometia acompanhar projetos no Congresso que fossem de interesse do parceiro, a quem se referia como “professor”. Há evidências de que o parlamentar também teria recebido dinheiro de Cachoeira.
Para investigar se houve irregularidades, o Supremo decidiu abrir um inquérito e pediu a quebra do sigilo bancário de Demóstenes. No Conselho de Ética, o senador poderá ser cassado – desde que o órgão entende que suas ações feriram o decoro parlamentar. Se renunciar antes, poderá ser enquadrado pela Lei da Ficha Limpa, o que o deixaria inelegível (sem poder participar de eleições) nos próximos anos.
Na prática, nada muda com a desfiliação de Demóstenes. Ele poderá continuar com seu mandato normalmente mesmo sem partido, e as investigações prosseguem - tanto no STF quanto no Senado.
O DEM, no entanto, pode reivindicar o mandato alegando infidelidade partidária. Com a saída de Demóstenes, o partido passa a contar com quatro parlamentares.
Uma hipótese considerada pelo senador para sair de cena é pedir licença. Assim ele evitaria a renúncia, o que lhe tiraria o foro privilegiado - prerrogativa dada às autoridades para que tenham seus processos julgados pelo Supremo.
Se Demóstenes decidir renunciar, quem assume a cadeira é seu primeiro suplente: Wilder Pedro de Morais, que é do DEM de Goiás.
R7