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sexta-feira, 10 de março de 2017

População rural do território do Sisal vive estado de calamidade. Está faltando comida até para humanos

Milhares de família de toda região precisam dessa planta (sisal) verde e erguida, mas está encontrando podre e caída | Foto: Raimundo Mascarenhas
É visível nos territórios do Sisal e Jacuípe, no estado da Bahia, a situação de calamidade que esta vivendo a população, em especial na zona rural e onde o sisal era a principal fonte de sobrevivência. No território do Sisal, cuja área abrange 21.256,50 Km² e estão localizados os municípios de Barrocas, Biritinga, Conceição do Coité, Ichu, Lamarão, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Tucano, Araci, Candeal, Cansanção, Itiúba, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Serrinha, Teofilândia e Valente, como uma população, de acordo com o último senso, de 582.331 habitantes, dos quais 333.149 vivem na área rural, o que corresponde a 57,21% do total, estima-se que 98% dos motores de desfibra o sisal, já estejam parados.

Plantação nos fundos das residencias quase que totalmente perdida | Foto: Raimundo Mascarenhas
No território possui 58.238 agricultores familiares, tendo o sisal como geração de emprego e renda e se destaca com maior intensidade nos municípios de Conceição do Coité, Retirolândia, São Domingos, Valente, Santaluz, Araci, Barrocas e uma pequena parte de Queimadas e Quijingue. O cenário dos campos de sisal em todos os municípios é o mesmo da foto abaixo, ou seja, da Fazenda Bestinha, na região de Salgadália, maior distrito de Conceição do Coité.

O agricultor Pedro Simões Nascimento, 59 anos, conhecido por Pedro de Nazi, trabalha na labuta do sisal desde os 10 anos de idade e a proprietário de motor há 35 anos, historicamente desfibra naquela região e há 07 meses que parou em virtude das palhas mocharem e 08 pessoas que trabalhavam com ele estão desempregadas. “Estamos se virando como pode. Lá em casa é eu, minha velha e ainda crio cinco netos”, contou.

Esta realidade de Pedro de Nazi, do seu vizinho Hamilton Santos, que rodavam motor na região dos Claros e outros 150 donos de motores que rodavam na região de Salgadalia.

Açougueiro acredita que com os motores de sisal parados, deixa de circular R$ 150 mil por semana em Salgadália, somente da mão do trabalhador, fora as batedeiras | Foto: Raimundo Mascarenhas
O açougueiro Raimundo Silva Freitas, 72 anos, há 32 anos no ramo, falou ao Calila Noticias que essa seca é mais prolongada que as outras e com a paralisação os motores, ele estima que deixou de circula R$ 150 mil por semana dos trabalhadores de motores. “Outra coisa meu amigo, aumentou o número de pessoas pedindo, principalmente comida”, lamentou Raimundo Freitas.

Feira livre de Salgadália vem sendo assim, sem movimento | Foto: Raimundo Mascarenhas
A realidade da fome é tão grande na região de Salgadália que já existe uma campanha SOS de arrecadação de alimentos para distribuir nas comunidades e até cartazes fixaram nos postes de iluminação pública pedindo ajuda.

Ainda em Conceição do Coité, outra região produtora de sisal, Santa Rosa, Boa Vista, Nova América, Nova Palmares e Mateus, onde rodam mais de 50 motores, a situação não é diferente e todos estão parados, entre eles o de Crispim Brito, 59 anos, que parou há 08 meses.

Crispim está com o motor guardando sob uma lona, pois, acredita que em breve vai volta r a usar | Foto: Raimundo Mascarenhas
Só ao entorno da residência de Crispim, 09 motores estão parados e em cada um trabalhava em média 07 pessoas, na maioria da mesma família e todos estão sem atividade. Ele lamentou a falta de apoio do governo e encheu de esperança com a presença do CN para mostrar o que eles estão sofrendo. “No passado quando acontecia um aperto desse, aparecia algum tipo de frente de serviço, vinha apoio pelo menos para diminuir o sofrimento, mas dessa vez não aparece ninguém de órgão governamental”, lamenta o agricultor.

Agricultor mostra que sisal não é resistente a seca.

Luiz tem 70 anos e sempre dependeu do sisal para sobreviver | Foto; Raimundo Mascarenhas
O agricultor Luiz Brito, 70 anos, residente na Fazenda Mateus, em Conceição do Coité, que por muitos anos atuou no movimento sindical, falou ao CN que se comparar, a seca que vive a região, igual ou é maior a de 1993, quando o governo mandou “arroz com casca” para o povo e criou uma frente de trabalho, como forma de não deixar “morrer gente”.

Luiz Brito sempre morou na zona rural e na região produtora de sisal, uma das mais produtivas do município e sempre trabalhou com motor. Enquanto acompanhava a equipe do CN até um campo, ele cotava que os motores foram a parando aos poucos e nos últimos vintes dias ninguém mais trabalhou, pois mochou tolamente e não tem como puxar fibra. “Aqui na região, motor de sisal é instrumento de trabalho de toda família”, lembrou.
Luiz em vídeo mostra as condições do sisal.

Fonte: Calila Noticias