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terça-feira, 12 de julho de 2016

Jovens baianas criam plástico de origem biológica utilizando mandioca

Três alunas da Escola Djalma Pessoa, do Sesi, em Salvador, foram desafiadas pelo professor a criar um plástico de origem biológica que não agredisse o meio-ambiente, nem as plantas. O objetivo é que o material seja utilizado para substituir as lonas plásticas normalmente usadas e que são feitas de derivados do petróleo.
“Sustentabilidade é um tema que tem sido muito discutido em sala de aula, nesta perspectiva de formação para estudantes do Ensino Médio, mas ela é muito falada, muito preconizada e pouco aplicada. É importante que o aluno saiba aplicar conceito de sustentabilidade na vida dele", reflete o coordenador de pesquisa, Fernando Moutinho.

“Nós ficamos completamente surpresas porque nós não tínhamos ideia de que era possível fazer um plástico, usando uma matéria que seria uma matéria-prima renovável", conta a estudante Ananda Lima Dias. As pesquisas indicaram que a saída poderia estar na mandioca. ‘É um material rico em amido, que também é conhecido como fécula, que se chama fécula de mandioca”, detalha o professor.
Tanto a mandioca, como outros alimentos como a batata, já são usados em várias partes do mundo na fabricação de alguns objetos, principalmente embalagens.

No caso da iniciativa das estudantes baianas, elas perceberam que o plástico desenvolvido poderia ser usado na agricultura. Foi aí que tiveram a ideia de aplicar o produto como um suporte na produção de mudas de plantas.
“Normalmente, quando as pessoas compram estas mudas para fazer a plantação, que vem com aquele plástico preto, que é o plástico de petróleo, ele é cortado e ele termina parando no meio-ambiente, termina virando apenas lixo. Nós vimos que substituindo pelo plástico biodegradável, ele poderia não só eliminar este fator que seria a poluição, como até mesmo ajudar o solo, já que a gente está falando de uma matéria que vem de um tipo de produto que a matéria-prima é renovável e que poderia ser revestido em adubo por exemplo", explica Ananda.

Para isso, fpreciso deixar o bioplástico, geralmente ácido, com um teor mais neutro, para não prejudicar a planta. “Começamos a fazer uma catálise básica, para que ele equilibrasse o ph do solo e, com isso, a planta crescesse mais saudável, absorvesse melhor os nutrientes", explica a estudante Camila Pires.

Durante os últimos dois anos, as alunas não pararam de testar, experimentar e analisar. Foi assim que conseguiram desenvolver cerca de 30 tipos de biopláticos a partir da mandioca. Na fase final da pesquisa, os experimentos foram para uma espécie de "estufa" que reproduz o processo do plantio, onde é possível analisar as condições de solo e temperatura.

“A gente comprovou, sim, que na prática ele tem uma decomposição muito rápida, em torno de um mês, e agora a gente está fazendo os testes com as plantas para saber justamente se ele vai impactar de alguma forma negativa... que a gente acredita que não, e se ele realmente vai trazer benefícios para a planta, se ele vai se converter em adubo, vai trazer nutrientes, se a planta vai crescer mais rápido, ou se o crescimento da planta não vai ser influenciado pelo bioplástico", detalha.
A pesquisa faz parte do projeto de iniciação científica mantido pela Escola Djalma Pessoa. A ideia deu tão certo que a pesquisa com a mandioca foi uma das premiadas na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia - a Debrace, em abril deste ano. Durante a feira em São Paulo, as estudantes conquistaram uma bolsa de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), uma das mais tradicionais instituições de pesquisa no Brasil. Do G1.


Fotos: Reprodução/TV Bahia

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